segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Love ?

O primeiro amor suscita muitas perguntas. Afinal, como sabemos se é o primeiro ou não? A resposta é um labirinto. Começa com o desejo, depois o frio na barriga ao acordar, e o coração quente ao deitar. Então vêm os sorrisos desajeitados quando recordamos os bons momentos, e o calor quando lembramos o seu sorriso e o seu som. Vêm os sonhos mágicos, os planos, os sonhos, as expectativas. O fim é uma página em aberto. Se não acaba bem, não significa que não o tenhas amado, mas sim que talvez não resultasse. Não necessariamente por serem pessoas demasiado diferentes (porque por vezes isso é fantástico), mas sim porque não podia acontecer. Outras vezes acaba tão bem, que percebemos que não desejávamos nada mais do que aquilo. O quente dos seus braços, as palavras carinhosas, os sorrisos, os planos para um futuro perfeito que terão um ao lado do outro (...) O amor vai acontecendo aos poucos, e rouba-nos o coração. Aquece-o, molda-o ao sentimento, e permite-nos usufruir de uma felicidade sublime, mesmo que momentânea, ou mesmo que eterna. O amor perfura-nos, magoa ou acaba por nos deixar em êxtase, controla-nos, leva-nos á loucura ou a uma sobriedade alegre e maravilhosa, e nós apenas nos guiamos pelos passos que o amor nos dá.
Na vida, aprendemos imensas coisas, e é por isso que mais tarde ou mais cedo, chega o dia em que esperamos que o amor nos ensine todo o resto. E eu amava-o, e amo-o hoje, porque sei que o amor ainda tem algo para me ensinar.

sábado, 20 de agosto de 2011

- Pensei que não acreditavas em finais felizes.
Sorri.
 - No ‘felizes acredito’ – respondi, fitando o horizonte que se tornava cinzento – o ‘para sempre’ é relativo, mas não acredito no ‘final’, porque se é com isto que queres construir o resto da tua vida e ser feliz, então não pode haver um final, e se houver é porque nunca foste feliz e viveste iludido. O amor é estranho, sabes? Quando te pedem o número de telefone, já tens de estar mentalizado para velas, champanhe e dois bilhetes de cinema. É por isso que eu deixo acontecer, não faço com que aconteça. Se calhar sou uma imbecil, mas da maneira como eu vejo a vida, as melhores coisas acontecem quando menos esperamos.


Ficou a olhar para mim durante imenso tempo. O amor é tão fácil de acontecer.

Easy things.

Correr é fácil. Julgamos que deixamos para trás os erros e as promessas quebradas, a dor de saber que o que perdemos não irá voltar, e a agonia de sofrer e perceber que temos imensos motivos para isso. Pensamos que podemos esquecer as lágrimas que chorámos por motivos que hoje ainda não conseguimos apagar, e pensamos poder diminuir a cor das memórias menos boas, e escapar á humilhação de todos os desafios em que falhámos. Ocultamos a forma como cada erro nos fez crescer, e preferimos pensar que há sempre uma volta a dar, e que no fundo, os erros são algo demasiado fácil de esquecer.
No entanto, as memórias são algo eterno, e é complicado lidar com elas quando se tornam tão duras que é impossivel esquecê-las. Aprendemos com elas ao longo do tempo, porque todas têm uma história para contar. Evitamos relembrar os fracassos, o arrependimento e a dor que ainda nos vai consumindo aos poucos, e damos apenas valor a todos os momentos que nos fizeram acreditar que talvez um dia, tivéssemos ousado pensar que afinal, somos melhores do que julgáramos. Mas a felicidade é algo absurdo, que vai e vem, e que nos permite relembrar pequenas rugas no sorriso de alguém que nos possibilitiu a descoberta de um lado que não conheciamos. A felicidade permite-nos relembrar palavras de alguém que no momento certo nos fez acreditar em algo mais do que aquilo que julgáramos poder ter. Deixamo-nos levar pela sensação de que na verdade, ser feliz está ao alcance de qualquer um, mas ao voltar á realidade, damos por nós a concluir que a vida é algo impossível se não a vivermos com paixão e sobriedade. É algo questionável, percorrida por vírgulas e barreiras, obstáculos, ilusão e desilusões. A vida move-nos, ensina-nos, molda-nos às nossas próprias ambições e á dor que muitas vezes nos consome, ou ao amor que nos embala durante a noite. A vida nem sempre é justa, e por vezes vai-nos matando por dentro, mas quando nos surpreende sem o mínimo de cuidado, torna-se a única coisa por que vale a pena acreditar no 'felizes para sempre'.
A verdade é que na vida, por vezes não temos a consciência necessária para percebermos que desilusões são tão frequentes como errar, e que todos os erros que cometemos são uma lição que muito dificilmente poderemos esquecer. Mais tarde percebemos que o verdadeiro amor é algo que nos acompanha para sempre, e que por mais que o tentemos evitar, chega a altura em que percebemos que não poderiamos ter feito nada para o impedir. Nada nos ensinaria como usá-lo, e é por isso que errar é humano. Porque amar é a única coisa que nos torna humanos, e a única coisa que em toda a tua vida, nunca poderias controlar, mesmo que pensasses que o tempo te traria todas as soluções de que achavas precisar.